quarta-feira, 12 de setembro de 2007

"...Voltei Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço..."

Hoje, acordei com uma vontade imorredoura de me perder na minha abandonada vida passada.
Despertei com vontade de pó, de cheiro de mofo, com um sentimento louco, saudosista e anarquista ao mesmo tempo.
E esse velho revolucionário, que resolveu passar o dia comigo vem colocando idéias malucas em minha cabeça, tentando fazer-me lembrar que havia um sorriso sonhoso que ornava minha desfigurada face, nos dias em que não me cabem mais.
Havia em algum lugar, do meu íntimo desconhecido, um pouco mais de alegria, alegria que esta, comportada e opiniosa, havia uma felicidade que não vinha da realização de um grande sonho, que não se preocupava com nada senão com o lúdico momento do agora.
Esse Senhor que tenta me desdizer em meu caminho, nas roupas que uso, nos livros que leio, nas pessoas com quem negocio afeto, esse Senhor pretensioso e ousado, veio entortar o ponto de exclamação que estabeleci como irrefutável no tanger de minhas artérias cheias de certezas.
E ao tilintar dos pratos, ante a fome infinda de futuro, venho eu me edificar no instante passado, esperando que a reinvenção de um “ontem que não existe mais me faça feliz”.
É assim que propõe o Senhor Guevarista, que eu, Douglas Alves Coimbra um eterno transfigurado de um presente inexistente, me molde a uma necessidade inaugurada por ele, onde a minha reconfiguração é a única saída para meu futuro, eu eterno mutante de espírito me faça um novo homem cheio de amarras com um passado incompleto e imperfeito.
Mas, como posso eu buscar no passado a completude obliqua para um ser em constante mutação?
Como ver saída para algo que é porta de entrada?
E esse dilema prosseguirá pelo resto do dia, enquanto o Velho e o Menino não decidem quem vai ser o primeiro a jogar os dados do destino!
"...Ô saudade companheira, de quem não tem compânia..."

Douglas Alves

Nenhum comentário: