quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Exposições

500 anos de arte russa é tema de exposição em SP


A mostra 500 anos de Arte Russa foi inaugurada dia 11 de junho, na Oca do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, com 350 obras no acervo do Museu Russo de São Petersburgo.
A exposição trouxe ao Brasil não só objetos cotidianos, mas valiosas peças de arte sacra produzidas a partir do século XV, além de obras de artistas fundamentais para o desenvolvimento da arte russa a partir do fim do século XIX. O público pôde conferir um panorama que foi além dos trabalhos mais conhecidos dos artistas da vanguarda, como Wassilly Kandinsky, Marc Chagall e Kasimir Malevitch. Além dos grandes nomes, também houve espaço para o trabalho de outros importantes autores, filiados à vanguarda, ao movimento simbolista e ao realismo-socialismo, como Vladimir Taltlin, Lief Bakst, Mikhail Larionov e Pavel Filonov.


Fonte: http://noticias.terra.com.br/especial/retrospectiva2002/interna/0,6512,OI71248-EI1064,00.html

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Escrito por Victor Az

Fonte: http://concretismo.zip.net/

A missão

Marçal Aquino
Da penumbra, oculto por um pilar, ele observou o homem atravessar o pátio. Um grandalhão com cara de sádico, armado com um cassetete. Poderia atacá-lo de surpresa, ele considerou, enquanto o homem se detinha e espiava ao redor, atento. Mas estava sem sua pistola e resolveu não correr riscos desnecessários. Preferiu esperar que o vigia terminasse a ronda.
Assim que se desfez no ar o som que o homem produziu, ao fechar atrás de si uma pesada porta de ferro, ele se moveu. Cruzou o pátio, aumentando a velocidade e a largura dos passos ao passar pela zona iluminada. De novo na penumbra, manteve-se imóvel por um tempo, recuperando o controle da respiração, o coração batendo acelerado. Ele conhecia bem o inimigo, sabia o que o aguardava se fosse apanhado. Mas isso não aconteceria. E o medo não iria impedi-lo de cumprir sua missão.
Um cachorro latiu em algum lugar ali perto. Ele aguçou os ouvidos, prendeu a respiração. E esperou. Nada aconteceu. O pátio continuou deserto e silencioso, azulado pela luz da lua.
A arma fazia falta, ele pensou. Com ela na mão, estaria mais confiante. Mas profissionais como ele eram preparados para lidar com situações adversas. Então deixou a penumbra e começou a galgar a calha, apoiando-se nas emendas. Cada movimento desprendia um ruído preocupante da estrutura de metal. Se a calha cedesse ao seu peso, ele olhou para baixo, seria uma queda e tanto. Foi nesse momento que escutou o barulho da chave na porta de ferro. E, com um arranque que fez ranger a calha inteira, alcançou a mureta e passou ao segundo piso.
Ali, permaneceu agachado, de olho no pátio. O som da calha ainda retinia em seu ouvido quando o grandalhão surgiu na área iluminada. Por um segundo, teve a impressão de que o homem olhou em sua direção e isso ó deixou tenso, com os músculos retesados. Mas o vigia parecia despreocupado: assobiava e batia o cassetete na palma da mão enquanto fazia o trajeto até o lado oposto do pátio.
Ele se levantou e passou a um corredor comprido, fracamente iluminado. Andava com cautela, pisando em silêncio, como um gato — fora treinado para isso. Até que, no final do corredor, uma porta trancada o deteve. Poderia arrombá-la com o ombro, mas na certa seria denunciado pelo barulho. Por isso, abaixou-se e forçou a maçaneta várias vezes, sem nenhum resultado prático. Então o som de passos às suas costas fez com que se erguesse como uma mola. Os dois homens se aproximavam devagar, obstruindo o corredor com seus corpos musculosos:
"Olha só o que temos aqui", disse um deles.
Aquele era o momento crítico de sua missão, e ele estava sem sua arma. Mas tivera muito trabalho para chegar até ali e não podia se render sem luta. Percebendo que ele se colocava em guarda, o homem à sua esquerda abriu os braços:
"Calma, ninguém precisa se machucar aqui".Foi esse homem que ele atingiu de raspão com um soco, enquanto o outro o agarrava e ambos rolavam pelo chão. Ele esperneou, chutou e até mordeu um dos homens, mas acabou subjugado numa gravata tão apertada que o fez perder os sentidos.
Quando acordou, ele se sentia atordoado, com a boca pastosa. No interrogatório, do qual lembrava apenas detalhes imprecisos, tinham usado drogas para fazê-lo falar. Mas ele estava. certo de que não revelara nada, fora treinado para resistir até ao soro da verdade.
A mulher que entrou no quarto nesse momento era jovem e bonita e sorriu para ele de um jeito amistoso.
"Está tudo bem com você?”
A voz soava macia, os gestos, calmos. O inimigo mudava de tática e agora tentava seduzi-lo. Ele se levantou da cama e cambaleou até a janela.
"Você vai acabar se machucando de verdade", a mulher disse.
E apontou a pilha de livros sobre o criado-mudo. Livros baratos, de papel ordinário.
“Seria melhor você parar de ler essas, porcarias, estão piorando a sua cabeça.”
Por entre as grades da janela, ele viu o pátio cercado por muros altos. E ficou em dúvida por um instante. Só um instante. Ela ainda falou que aquelas tentativas de fuga atrapalhavam o tratamento. Mas ele sabia que o inimigo tentava confundi-lo. Queriam que ele ficasse em dúvida sobre quem era e o que estava fazendo ali.

Lobão - QUEM SERÁ QUE PEIDA

Ó, quem será que peidar / que tire o cú da reta e não demore / com a mão amarela, se inocente / que sem prova concreta não dá pra pegar / e todos os trambiques irão te salvar / com todos os auxílios da presidência / e todo benefício da leniência / e todos os decretos que te aliviam / pois quem não tem vergonha quando chafurdar / nem sente desespero por coisa alguma / e que não tem decoro, pois nunca terá / porque que não tem castigo.

Ó quem peidar quem peidar / que apague a luz dos aeroportos / pra debaixo do tapete todos os mortos / e vem gente me pedindo : relaxa e goza / colhendo os impostos para a mesada / na eterna incompetência do governante / mostrando com orgulho a falcatrua / na dança do larápio que ganha a rua / enquanto que a gente a se perguntar / aonde é que a gente então vai parar / e se não tem remédio, por que implorar / a quem não dá ouvido

Ó quem peidar quem peidar / desfaça o flagrante dos mensaleiros / e faça um desagravo pros brasileiros / é só um feriado que a gente esquece / se benza duas vezes com a mão na massa / com cara de enlevo ninguém vai notar / triplique o dinheiro pra olimpiada / com a cara de tacho que te consagra / no próximo vexame ninguém vai notar / não há merecimento nem nunca haverá / por que ninguem exige nem exigirá / vossa cabeça a prêmio.


Ouça e baixe a música: http://www.myspace.com/lobaouniversoparalelo

Blog flagra Renan assediando os parlamentares

Retirado do Blog: http://marcelotas.blog.uol.com.br/arch2007-09-01_2007-09-15.html

Poesia - Renan Calheiros

Encalhaste em meu pensamento,
Tal tristeza aguda que não sai nem a pancada,
E me provoca feito coice de jumento,
Querendo que eu durma com o som da sua martelada,

Apague a luz quando sair da sala,
Apague o pavio enquanto é tempo,
Pois fala mais quem depressa se cala,
E cresce mais quem dosa bem o fermento,

Calhou de eu não ser poeta,
Também não sou cantador,
Nem é preciso ser profeta,

Pra saber como tudo terminou,
O Brasil é um país que segue a seta,
Que a direção dos ventos indicou.


Douglas Alves

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Novela - O protetor

Capítulo II


A praça estava repleta de gente e ali se encontravam também vários de seus amigos. De longe ele avistou Rodrigo, um velho amigo de infância.
_E aí brother, beleza?
_Beleza cara, quanto tempo que não te vejo Rodrigo. O que andas fazendo?
_Estou ralando muito, quase não tenho tempo de sair e... Ei? Você ta mim escutando? Ta procurando alguém?
_Ô meu amigo, mim desculpe. É porque estou procurando uma que vi lá dentro da igreja e...
_Vamos embora Rodrigo. Estou com uma dor de cabeça tremenda.
_Calma meu amor, só mais um minuto. Deixe te apresentar o meu amigo.
_Tudo bem, mas ande logo com isto que estou passando muito mal.
_Carlinhos esta é minha namorada Renata. Renata este é meu amigo Carlinhos.
_Muito prazer Carlinhos. – Disse Renata.
_O prazer é todo meu. – Respondeu Carlinhos.
_Pronto Rodrigo, agora vamos embora, antes que esta dor mim mate.
_Carlinhos, então tchau, até a próxima.
_Falou Rodrigo, espero ver logo.
Após as despedidas, Rodrigo e Renata foram se embora e o mundo de Carlinhos mais uma vez se desmoronou. Pois Renata era a garota que ele estava procurando.Como se não bastasse ter se apaixonado pela namorada de seu melhor amigo, quando chegou em casa sua mãe foi logo soltando os cachorros em cima dele:
_Isto é hora de você chegar em casa seu imprestável? Onde você estava?
_Mãe, falando a verdade, eu estava na praça. Fui pra lá após a missa e acabei...
_Com ordem de quem você foi pra praça?
_De ninguém mamãe. É porque eu...
_Meu filho, você um dia ainda vai me matar de preocupação...
_E a senhora um dia ainda vai me matar de raiva. Larga de me encher o saco, eu não sou mais criança, nem num domingo a senhora mim deixa em paz...
_Vai pro seu quarto. Vai ficar de castigo pra você parar de me responder. E num tem mais não. Cale a boca antes que eu te quebre a boca.
E no meio de um pranto de lágrimas ele respondeu:
_Tudo bem mãe, eu vou pro meu quarto, mas, preste atenção numa coisa, um dia a senhora vai se arrepender de tudo isto que a senhora me faz. A senhora, só quer saber de rezar e rezar e vive com uma amargura gigantesca no peito. O que adianta isto? O que adiante rezar ir à missa, confessar e fingir que faz as boas obras aos olhos do povo?
E dando-lhe uma bofetada, sua mãe insistiu que ele fosse para o quarto. Carlinhos muito triste, rancoroso foi-se para o quarto. Pôs-se a pensar e a chorar ao mesmo tempo:
= Deus, ô meu Deeeeeeus. Porque está acontecendo isto comigo? O que te fiz de errado? Sou tão pecador assim? Olha Deus minha família me odeia, hoje já tive uma discussão com minha mãe. Já não tenho mais vontade de viver. Pois além de discutir com minha mãe, meu Vasco perdeu o título para o Flamengo e ainda de quebra me apaixonei pela namorada de meu melhor amigo. Já não suporto mais tanta aflição no meu coração. Quando é que as coisas vão começar a dar certo pra mim? Mim responde Deus. Não fique aí calado. Cadê você poderoso Deus. Mostre o teu poder se é que realmente você tem.E neste momento um poderoso estrondo pode ser ouvido e um feixe de luz se abriu em direção a Carlinhos.


*Continua...


O Protetor: escrita por Dener Rafael

Fonte: http://www.meganesia.com/novelas/protetor1/index2.htm

Sétimo olhar paulistano

Terra que eu necessito
Um ar que não respiro
Lugar que me fez
Um prédio novo a cada mês
Belas paisagens
Pouco verde
O silêncio não mora mais
Rezamos por dias de paz
Quem vem não volta
Quem volta não fica
Limpeza se suplica
Riqueza capitalista
Para muitos um porto seguro
E para outros um poço sem fundo.


Aline Lira - ganhou um prêmio em 1º lugar no Mackenzie.

email para contato: alineleelira@gmail.com

Notícias - Paulo Coelho assume cadeira na ABL



No dia 25 de julho, o escritor Paulo Coelho foi eleito para ocupar a cadeira de número 21 na Academia Brasileira de Letras, que pertencia ao economista Roberto Campos, morto em outubro de 2001. Com 22 votos, o escritor derrotou o sociólogo Hélio Jaguaribe, que recebeu 15, e passou a ser o mais jovem integrante da Academia. A eleição do autor de Diário de um Mago gerou polêmica, já que muitos imortais eram contra sua entrada na academia por ele ser um escritor popular. Acusado por muitos de ser um profissional mediano, Coelho é respeitado no exterior pela vendagem expressiva de seus livros, que foram traduzidos para 56 línguas e são comercializados em 150 países. Uma mulher chegou a tirar a roupa em protesto pela vitória de Paulo Coelho.

Fonte: http://noticias.terra.com.br/especial/retrospectiva2002/arteeliteratura

Consumo ou sem sumo eu sumo

Compro uma vida
que sirva de analgésico
entorpecido não sou feliz
quero um sonho epilético

Vendo,
Sonhos a prazo
Há prazo pra sonhar
A meninice abre pra leilão
O que a velhice vem arrebatar,

Alugo,
Um prazer que trago na algibeira
E há quem queira
O niilismo consumista
Antropofágico,
De se auto-consumar,

Doou,
Doa a quem doer,
Doou tudo que não meu,
Pra ficar sem um eu em mim,
Pra ficar assim
Livre da obrigação de ser


Douglas Alves

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Crônica - Provocações

Luis Fernando Veríssimo

A primeira provocação ele agüentou calado. Na verdade, gritou e esperneou. Mas todos os bebês fazem assim, mesmo os que nascem em maternidade, ajudados por especialistas. E não como ele, numa toca, aparado só pelo chão.
A segunda provocação foi a alimentação que lhe deram, depois do leite da mãe. Uma porcaria. Não reclamou porque não era disso. Outra provocação foi perder a metade dos seus dez irmãos, por doença e falta de atendimento. Não gostou nada daquilo. Mas ficou firme. Era de boa paz.
Foram lhe provocando por toda a vida.
Não pode ir a escola porque tinha que ajudar na roça. Tudo bem, gostava da roça.
Mas aí lhe tiraram a roça. Na cidade, para aonde teve que ir com a família, era provocação de tudo que era lado. Resistiu a todas. Morar em barraco. Depois perder o barraco, que estava onde não podia estar. Ir para um barraco pior. Ficou firme.
Queria um emprego, só conseguiu um subemprego. Queria casar, conseguiu uma submulher. Tiveram subfilhos. Subnutridos. Para conseguir ajuda, só entrando em fila. E a ajuda não ajudava. Estavam lhe provocando.
Gostava da roça. O negócio dele era a roça. Queria voltar pra roça. Ouvira falar de uma tal reforma agrária. Não sabia bem o que era. Parece que a idéia era lhe dar uma terrinha. Se não era outra provocação, era uma boa.
Terra era o que não faltava.
Passou anos ouvindo falar em reforma agrária. Em voltar à terra. Em ter a terra que nunca tivera. Amanhã. No próximo ano. No próximo governo. Concluiu que era provocação. Mais uma.
Finalmente ouviu dizer que desta vez a reforma agrária vinha mesmo. Para valer. Garantida. Se animou. Se mobilizou. Pegou a enxada e foi brigar pelo que pudesse conseguir. Estava disposto a aceitar qualquer coisa. Só não estava mais disposto a aceitar provocação.
Aí ouviu que a reforma agrária não era bem assim. Talvez amanhã. Talvez no próximo ano... Então protestou.
Na décima milésima provocação, reagiu. E ouviu espantado, as pessoas dizerem, horrorizadas com ele:
- Violência, não!

Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/indice.asp?a=117

"...Voltei Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço..."

Hoje, acordei com uma vontade imorredoura de me perder na minha abandonada vida passada.
Despertei com vontade de pó, de cheiro de mofo, com um sentimento louco, saudosista e anarquista ao mesmo tempo.
E esse velho revolucionário, que resolveu passar o dia comigo vem colocando idéias malucas em minha cabeça, tentando fazer-me lembrar que havia um sorriso sonhoso que ornava minha desfigurada face, nos dias em que não me cabem mais.
Havia em algum lugar, do meu íntimo desconhecido, um pouco mais de alegria, alegria que esta, comportada e opiniosa, havia uma felicidade que não vinha da realização de um grande sonho, que não se preocupava com nada senão com o lúdico momento do agora.
Esse Senhor que tenta me desdizer em meu caminho, nas roupas que uso, nos livros que leio, nas pessoas com quem negocio afeto, esse Senhor pretensioso e ousado, veio entortar o ponto de exclamação que estabeleci como irrefutável no tanger de minhas artérias cheias de certezas.
E ao tilintar dos pratos, ante a fome infinda de futuro, venho eu me edificar no instante passado, esperando que a reinvenção de um “ontem que não existe mais me faça feliz”.
É assim que propõe o Senhor Guevarista, que eu, Douglas Alves Coimbra um eterno transfigurado de um presente inexistente, me molde a uma necessidade inaugurada por ele, onde a minha reconfiguração é a única saída para meu futuro, eu eterno mutante de espírito me faça um novo homem cheio de amarras com um passado incompleto e imperfeito.
Mas, como posso eu buscar no passado a completude obliqua para um ser em constante mutação?
Como ver saída para algo que é porta de entrada?
E esse dilema prosseguirá pelo resto do dia, enquanto o Velho e o Menino não decidem quem vai ser o primeiro a jogar os dados do destino!
"...Ô saudade companheira, de quem não tem compânia..."

Douglas Alves

Poemas

S/T -3-

Entre minhas mãos o vazio, como cristal de peso;
o afago derradeiro na última taça;
Por sobre o meu rosto, o teu rosto, e confundo-me
e fecho-me meu coração em espiral, em S.-SP 29.12.82-


ST-21

Nunca aprendi a amar
ouvi:
amor
amaço
amado
amante
amasiado
pelo amor de ...
amo?
não sei,
não, não sei amar.
amaram-me ?
não sei.
não aprendi a amar. SP 01.10.83


ST 111

Talvez não seja o fim,
mas o princípio do mistério,
meu encontro, Rec 1982.

Poesia para os ouvidos


Texto: Douglas Alves Coimbra


O Samba Novo

Mais conhecida por ter participado do Programa Fama exibido na Rede Globo de televisão, Roberta Sá lança seu segundo álbum, “Que belo e estranho dia pra se ter alegria”, deixando bem claro que veio pra fincar os pés nesse pântano de cantoras que insistem em gravar os já renomados nomes de nossa canção.
Pesquisadora e estudiosa da história musical de nosso país, a cantora não se prende ao imediatismo e a facilidade que faz com que muitas cantoras da nossa musica acabem gravando canções de Chico ou Tom pra lá de conhecidas.
Seu primeiro álbum “Braseiro” lançado em 2005, nos coloca diante de nomes como, Rodrigo Maranhão, Marcelo Camello, Pedro Luis e Lula Queiroga, aliás, é justamente da canção de Lula Queiroga parceiro de composição de Lenine, que nasceu o nome para o novo CD.
“Que belo e estranho dia pra se ter alegria”, nome retirado de uma das estrofes da canção “Belo e estranho dia de amanhã”.
As canções que compõe o Cd dialogam entre si, estabelecendo assim uma tênue linha harmônica que faz com que melodia, arranjo e poesia se unam com simplicidade.
O CD trás a nata da nova poesia musical brasileira, nomes como Lula Queiroga, Junio Barreto, Mario Veloso, Pedro Luís e Edu Krieger, em uma aquarela rica e diversificada pincelada num só tom.






Belo e Estranho Dia de Amanhã
Roberta Sá
Composição: Lula Queiroga


Notícias perderão todo o controle dos fatos
Celebridades cairão no anonimato
Palavras deformadas, fotos desfocadas vão atravessar o atlântico
Jornais sairão em branco
E as telas planas de plasma vão se dissolver
O argumento ficou sem assunto

Vai ter mais tempo prá gente ficar junto
Vai ter mais tempo prá enlouquecer com você

Vai ter mais tempo pra gente ficar junto
Vai ter mais tempo pra enlouquecer

Os políticos amanhecerão sem voz
O out door com as letras trocadas
Dentro do banco central o pessoal vai esquecer como é que assina a própria assinatura
E os taxistas já não sabem que rua pegar
Que belo estranho dia pra se ter alegria
E eu respondo e pergunto

É só o tempo prá gente ficar junto
É só o tempo de eu enlouquecer por você

É só o tempo prá gente ficar junto
É só o tempo de eu enlouquecer

Alarmes já pararam de apitar
O telefone celular descarregou
O aeroporto tá sem teto e a moça da tv prevê silêncios e nuvens
A firma que eu trabalho faliu
E o governo decretou feriado amanhã no brasil
Será que é pedir muito?

É só um jeito da gente ficar junto
É só um jeito de enlouquecer com você

É só um jeito da gente ficar junto
É só um jeito de enlouquecer

Contos - Janice e o umbligo

de Verônica Stigger

Janice vivia enamorada de seu umbigo. Não fazia muito tempo que havia dispensado dois gêmeos fortes, másculos e apaixonados para poder ficar sozinha consigo mesma e apreciar – sem uma alma para lhe roubar a paciência e o bom humor – aquele buraquinho perfeitamente bem delineado de sua barriga.
Numa outra sexta-feira, ao tentar ajeitar suas costas arqueadas, tocou sem querer os lábios em sua barriga. Muitíssimo feliz com a nova possibilidade, repetiu infinitamente o mesmo gesto. Impulsionava o tronco para frente e beijava seu umbigo. Beijava e beijava e ria satisfeita. Dos beijos, passou às lambidas. Gastava horas lavando seu umbigo com cuspe.
Numa terceira sexta-feira, de súbito, prendeu sua língua num buraco aberto pela acidez de sua saliva. Mesmo assustada, Janice amou a novidade. Com o transcorrer dos dias, das semanas, dos anos, o buraco tornou-se gradativamente maior: penetrava nele não só a língua, mas também a boca e o nariz.
Numa derradeira sexta-feira, Janice trancou as orelhas no seu umbigo. Ao invés de tentar tirá-las, introduziu-as ainda mais, arrombando de vez seu buraquinho. De repente, zupt!, foi-se a cabeça de Janice para dentro de sua barriga. Extasiada, forçou ainda mais a passagem. Os ombros entraram com uma certa dificuldade. Depois deles, o buraco se distendeu, facilitando o ingresso do resto de seu corpo. Os braços, o peito, as pernas, os pés submergiram em Janice como água escorrendo pelo ralo. O último a sumir foi o piercing.
Hoje, Janice vive feliz, inteira dentro de seu umbigo.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

"...A justiça é cega e a verdade é uma massinha de modelar..."

“...Se viver é ver, prendo minha respiração...”
(Trecho do filme Dançando no Escuro” – Lars Von Trier)


Um musical dos anos trinta... Isso, essa é a vida que eu queria pra mim, queria viver um musical dos anos trinta, pra quando eu estiver a cair, possa sempre haver alguém pra me segurar! Um musical dos anos trinta, onde não acontece nada se não o divino, o essencialmente bom, chega de realidade...
Infelizmente não é essa realidade com a qual nos brinda o mestre Lars Von Trier em seu musical de realidade cruel.
Dançando no escuro é uma espécie de viagem aos confins do ser humano, um lugar tão intimo e desabitado de sentimentos de cunho coletivo e altruísta, que chega a nos causar uma certa estranheza e repugnação da raça da qual fazemos parte.
O ser humano é um ser na eterna procura por um espelho mais feliz e, essa procura nos venda os olhos para tudo que não umbigo.
De olhos vendados a tudo que é externo a nossa vontade, perdemos a noção do coletivo, todos cegos a ver navios num oceano de vaidades.
A parte esse mundo de seres narcisistas existe Selmma.
Personagem vivenciado pela cantora Bjork que mesmo com a perda progressiva da visão nos guia por um caminho feito de verdades.
Não esperem de Selmma, atos heróicos, bravatas, nem nada do tipo, a personagem é apenas reflexo de uma inocência perdida entre a aspereza do mundo de consumo e a indiferença aguda de seres que se julgam humanos.
Se viver é ver, prendo minha respiração, e então o que virá? Não sei, tão pouco importa, o importante é que seu eu estiver a cair, não me preocuparei, pois bem sei que os braços de alguém me conduziram ao céu que é meu lugar de direito...
Esse é mote do musical, a maneira lúdica com a qual Selmma encara suas dificuldades, com a certeza perene de que existe uma mão de “Deus” para lhe colocar novamente em seu caminho.Não sei o que me prende tanto a esses musicais e suas histórias já sabida de antemão, sinceramente não sei... Talvez eu sinta um pouco a falta da sensação de que tudo é mágico, tudo é possível, o encontro musical entre palavra e movimento, a híbrida magia de estarmos num mundo de fantasia... Talvez tudo me faça esquecer do que são feitos os seres humanos, e eu que sou tão ser e humano quanto qualquer um chego a acreditar que sou diferente, que meus valores são puros e verdadeiros... TOLICE! Sou eu tão egoísta quanto o restante da raça da qual faço parte, sou eu uma tentativa frustrada do que poderia ter sido, se não escolhesse trilhar os caminhos que trilhei... Mas, mesmo com tudo isso posto, não me preocupo, afinal sei que se eu me desequilibrar quando estiver na corda bamba da vida, alguém mesmo sem saber vai me segurar... Essas últimas palavras seriam perfeitas para terminar esse texto idiota, seriam se não tivesse eu outra intenção, não quero terminar isso com um chavão de ouro, quero terminar isso sem terminar, quero deixar isso inacabado como tenho deixado muita coisa na vida... E...

“... Eles acham que nos conhecem, mais se conhecessem mesmo saberiam que esse não é o fim, ao menos que nós queiramos...”
(Trecho do filme Dançando no Escuro” – Lars Von Trier)

Pensar, pensar…

Pensar em que, em quem, em mim ou em você? Ou a palavra mais correta seria refletir, mais refletir sobre o quê?
Boa pergunta, me responda você, pense um pouco, reflita, mas sobre o quê? Sei-lá escolha você.
Não importa o que você pense ou reflita, o que importa mesmo é parar pra pensar, reavaliar as coisas que realmente fazem sentido na sua vida, os outros, ah deixa eles para lá, pense em você pelo menos nesse momento.
Desculpe se estas palavras lhe parece egoístas, mas, já é hora de você parar pra pensar, afinal de contas somos ou não seres racionais? Embora, muitas vezes, não nos comportamos como tal.
Então te faço um convite, venha pensar comigo, garanto a você que não mata, não engorda e não faz mal!
Quantas vezes na sua vida você se olhou no espelho e se achou um vencedor?
Quantas vezes você se arrependeu de não dizer eu te amo (independentemente pra quem quer que seja) e quando percebeu já era tarde de mais?
Quantas vezes você tirou um dia só pra você, e falou “Hoje o dia é MEU”?
Pois é, agora eu estou te chamando à realidade, e tentando roubar pelo menos 5 minutos do seu precioso tempo para ler estas palavras mal escritas e com pouca concordância.
Talvez você leia e ache um tanto quanto demagogo, ou talvez você realmente pense sobre o assunto, a decisão é sua.
Pense!

Sandra Menezes

Novela - O protetor

Capítulo I


Tudo começa em uma pequena cidade do interior de São Paulo. Nesta pequena cidade, reside Carlinhos, um jovem com ideais ousados e vive em uma ânsia muito grande em ser feliz. De família humilde e muito religiosa, Carlinhos vai crescendo com idéias já formada da vida.
_Carlinhos, levanta, vamos para a Igreja.
_Mãe, de novo? Todo Domingo é a mesma coisa, a gente tem que levantar cedo pra ir pra Igreja, me deixa dormir mais um pouquinho, aí à noite eu vou.
_Não Carlinhos, levanta, levanta, vai é agora mesmo...
_Mas mãe, por favor, eu for agora, não vou prestar atenção no que o padre irá dizer, eu vou é dormir a missa inteira.
_Está bom Carlinhos, tudo bem, pode ficar, mas ai de você, se você não for à missa à noite.
E assim se fez. Dona Raimunda permitiu que Carlinhos fosse à missa à noite, mas com a promessa de que iria apanhar se não fosse.
_Não agüento mais essa vida. Todo Domingo tenho que levantar cedo pra ir à missa e o pior que minha mãe nem pergunta se eu quero ir. Ou vai ou apanha. Já tenho 18 anos e minha mãe me trata como se eu tivesse 12. Desse jeito nunca vou conseguir arrumar uma namorada. Agora meu Vasco está jogando com o Flamengo, final do Campeonato e eu vou ter que deixar de ouvir o jogo pra ir à missa, porque se não vou apanhar, onde já se viu um cara de 18 anos apanhar, isto é porque vivemos numa democracia.
E assim se fez. Carlinhos desligou o rádio e foi para missa. Sua concentração estava mais na decisão do campeonato do que na missa.
_Será que o Vasco ta ganhando? Ô missa que não acaba logo. Esse padre fala de mais. Vamos padre, acaba com esta missa logo, quero ir embora.
De repente no meio do seu stress, Carlinhos avista uma moça muito bonita e logo se apaixona. Aí é que não prestou mais atenção em nada, até o jogo finaliza. Seus ouvidos simplesmente ficaram tapados.
_Meu Deus, o que é isto? Que garota linda! Venho à missa todos os domingos e nunca a vi por aqui. Quem será ela?
Em um momento de fraqueza nem consegue se controlar mais, não tira os olhos da garota. De repente seus ouvidos abrem e ele escuta o padre finalizar a missa.
_Graças a Deus que esse tédio acabou. Agora tenho que achar aquela garota e descobrir quem é ela ou até mesmo onde ela mora. Não posso deixá-la sair sem que a siga. Ela é muito linda.
Quando Carlinhos deu o primeiro passo, um coroinha lhe puxou pela camisa e disse:
_Carlinhos o padre quer falar com você.
_A não. Hoje não. Hoje não estou pra conversa, diga a ele que na quarta-feira eu vou até a casa paroquial e agente conversa. Tenho um assunto pra resolver ali e não posso esperar.
_Ta bom, eu digo a ele.
E no mesmo instante, Carlinhos, saiu em direção a praça tentando encontrar a linda moça.

*Continua...


O Protetor: Escrita por Dener Rafael

Fonte:
http://www.meganesia.com/novelas/protetor1/