quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Texticullini 1

Essa é a história de uma guerra. Observe bem, companheiro. Aqui não há tempo pra coisas desnecessárias. Não estamos lidando com excesso. O ar aqui é de falta e falta.

Tenho dinheiro na mão. Todo mundo quer isso e faz muita coisa por isso, né, dinheiro. Eu tenho. Basta achar quem queira fazer o que eu quero que façam. Não é difícil.

Eu aqui tenho o meu corpo. Vendo por preço qualquer. Mas prefiro que seja por sonho. Gosto de me iludir. É legal acreditar que se é feliz de vez em quando.

Em tempos de guerra não se permitem excessos, já avisei, companheiros.

Pulo fora de um relacionamento toda vez que vejo que o negócio tá ficando mais sério. Onde já se viu me entregar? Em troca de quê? De crença?


Por sete meses mantive relações com aquela porta. Sua madeira não era boa e a fechadura nunca me deixava ver o que tinha dentro, mas não posso dizer que foi ruim.
O abraço dele era tão macio quanto seria o abraço de um mandacaru.


por Lívia Lima

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