sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Esse não é você, disse Paulo!


Tomaram-me pelo o que eu não era,
Na embriagues do copo eu refletido,
Em noites cinzentas, entre bons amigos,
Procurando a realidade de um ser sem dia a dia,

Tomaram-me por outro que distante de mim
Parecia ser mais real do que meu próprio toque,
A dor indivisível de um corte a gilete na carne frouxa,
A voracidade mórbida de um soco no saco de areia,

Vestiram-me com outras roupas,
Que não me cabiam com perfeita simetria,
Tenho saudade da bola de capotão,
E do meu singularíssimo entendimento da palavra alegria,

Desenharam-me com outros traços,
Pouca tinta e nem uma luz,
Mal sabem eles que esse desenho eu mesmo faço,
Com a incerteza do lápis que me conduz,

Traço a traço fizeram o que devera eu ser,
Sem hesitantes traços, sem cores, senão as que tenho,
E nessa luta infinda entre o que sou, e o que seu lápis fez de mim,
Restou um homem mal desenhado que traz nas veias o tom do próprio carmim...

Douglas Alves



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