quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Dois guardanapos de bar

Um dia veio uma menina e “desinventou” a palavra agora, como se já não houvesse momento presente no que vivo. Meu instante único que deveria começar na palavra agora se finda antes do começo da palavra que sempre se atrasa.
Moça chata, de riso fácil e encantador, comeu todas as certezas que guardei para amanhã, sem certezas e com a cabeça “descontruída”, você me vem, e quando acredito não poder mais gostar de você, de outra forma mais rasgada e despreocupada, você “descomeça” o apreço que a tenho, reinventando outras formas de se sentir um querer totalmente involuntário.
Não sei se a cerveja permite que eu seja claro em minhas explanações, mas não ouso frear esse instinto breve, que busca no condimento único da lembrança do beijo da mulher sonhada, o único alimento pra minha fome infinda.
Você vem sempre, besta como só você sabe o ser, “desinaugurando” alegrias, só pra deixar tudo com a sua cara.
“Resignificando” coisas, inventando outras, criando um mix de alegria e sonho nos sertões do meu entender. Vem sempre como quem não quer nada, pra por virgula onde antes havia exclamação.
Vem sempre sem noção de espaço, me arranca um pedaço, e coloca no lugar uma vontade de não.
Tira de tudo o sentido que dei, me destrona, me faz “desrei” do castelo que construí com areia.
Coloca concreto na palavra saudade, tira o deserto da palavra miragem e faz do real uma utopia além sonho.
Muda a alegria do lugar onde ponho, “desamanhece” meus dias, invade meu sonho, dá fogos de artifício ao meu momento de paz.
Inventa palavra, onde antes só havia silencio, me faz feliz como dicionário nenhum faz.

Douglas Alves

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