Dia 28/11 às 24:00
Mombojo no Studio SP
R$ 15,00
Um dia veio uma menina e “desinventou” a palavra agora, como se já não houvesse momento presente no que vivo. Meu instante único que deveria começar na palavra agora se finda antes do começo da palavra que sempre se atrasa.
Moça chata, de riso fácil e encantador, comeu todas as certezas que guardei para amanhã, sem certezas e com a cabeça “descontruída”, você me vem, e quando acredito não poder mais gostar de você, de outra forma mais rasgada e despreocupada, você “descomeça” o apreço que a tenho, reinventando outras formas de se sentir um querer totalmente involuntário.
Não sei se a cerveja permite que eu seja claro em minhas explanações, mas não ouso frear esse instinto breve, que busca no condimento único da lembrança do beijo da mulher sonhada, o único alimento pra minha fome infinda.
Você vem sempre, besta como só você sabe o ser, “desinaugurando” alegrias, só pra deixar tudo com a sua cara.
“Resignificando” coisas, inventando outras, criando um mix de alegria e sonho nos sertões do meu entender. Vem sempre como quem não quer nada, pra por virgula onde antes havia exclamação.
Vem sempre sem noção de espaço, me arranca um pedaço, e coloca no lugar uma vontade de não.
Tira de tudo o sentido que dei, me destrona, me faz “desrei” do castelo que construí com areia.
Coloca concreto na palavra saudade, tira o deserto da palavra miragem e faz do real uma utopia além sonho.
Muda a alegria do lugar onde ponho, “desamanhece” meus dias, invade meu sonho, dá fogos de artifício ao meu momento de paz.
Inventa palavra, onde antes só havia silencio, me faz feliz como dicionário nenhum faz.
Douglas Alves
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Adio todas as portas por abrir
E as que encontro abertas
Adio a hora, o passo, o piscar do olho
Adio-me todo, em intervalos de adiamento
Só não adio o momento,
A boca na boca na hora do beijo
A palavra áspera na hora do desejo
O desejo de palavra no instante de silencio,
Adio a bifurcação do caminho,
O caminho, o atalho, a rua sem saída,
Adio a ida, a volta, o permanecer vão,
Adio o entendimento, o pressentimento,
Sou todo sala de espera,
A espera da hora do não,
Então me adio,
Adio a decisão, a indecisão,
O existir, o vão entre o que sou,
E o que a espera alheia fez de mim,
Adio sim, o sim e o não,
A Petição do dia, adio meu dia
Até que a noite se faça presente
Adio o meu melhor momento ausente,
Adio a semente, o botão que almeja virar rosa,
Adio a prosa, a sorte, o azar de saber-me eu,
Adio Deus num altar todo ornado de nada,
Adio a ata, a reunião, adio meu coração
E o batimento aflito,
Adio o conflito, o infinito,
E já não vejo na minha inauguração,
A data precisa para o tanger inexato de minha boiada.
Douglas Alves
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“E não há entendimento meu, que não faça do que sou uma lembrança póstuma de quem eu podia ser” (Douglas Alves)
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A palavra não diz o que sinto,
Tenta, tropeça, levanta, mas não traduz,
O vento não sopra o ar que respiro,
Nem me guia a luz que me conduz,
A palavra se veste de sentido,
Sentido que falta em sua oralidade,
E eu sem entender me dispo,
Daquilo que é minha personalidade,
A palavra que melhor me chega é sorriso
Sorriso de alguém que escondido traz,
E me tira as palavras na hora que mais preciso,
Me faz feliz como nenhum dicionário faz,
A palavra amor já não diz tanto,
Tão pouco basta o meu querer,
Acho que meu coração está falando esperanto
Na esperança torpe de dialogar com você,
A palavra é bala no velho oeste do meu ser,
Viajando a leste da minha razão,
Esperando matar o sentido que quer ser,
Xerife e bandido nas cercanias do meu coração.
Douglas Alves
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É de longe que fito o que quero
Sem nunca me aproximar do objeto de desejo
E desejo distante o que almejo
Vendo refletido em mim o que não vejo
Não sou o meu próprio espelho,
Nem sou vela para o vento que em mim sopra,
Sou eu almirante e barco onde me navego,
Esperando a assinatura vã dessa triste obra,
É ausente que acho meu enleio,
Abstraindo do que possuo o que já não tenho,
É em mim que apago a borracha o que não leio,
Como cria que tira o sustento do próprio seio,
Eu me acho naquilo em que me empenho,
E no fim da lida, sou apenas ilha com saudade do barco que nunca veio.
Douglas Alves
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Grandes são os desertos
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