quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Poesia para os ouvidos

Texto: Douglas Alves Coimbra

A sofisticação arcaica.
Performance teatral, literatura de cordel e uma panela de pressão rítmica a ponto de explodir, esse é Cordel do Fogo Encantado.
Há dez anos na estrada e com três Cd’s lançados, o Cordel já figura entre uma das bandas mais inventivas da nossa história musical.
A poesia de Lirinha, o violão de Clayton Barros e a percussão de Emerson Calado, Nego Henrique e Rafa Almeida, fazem do Cordel um espetáculo não só para os ouvidos, mas também para os olhos.
A teatralidade intrínseca na obra do Cordel perpassa os limites sonoros, nos remetendo a um universo lúdico. A terra do Fogo Encantado, terra de Sol vermelho feito carmim onde a seca fala mais alto e, quando chove “o sapo vomita espuma e a vaca onde pisa se atola”.
Imbuídos de uma poesia que escapa dos limites lingüísticos o Cordel do fogo Encantado através da figura de Lirinha é a banda nacional que melhor traduz a riqueza poética de nossa língua.
Uma língua que conhece desde cedo a secura morfológica da palavra sertão, mas ainda sim, faz com que do deserto dos confins de Arco Verde brotem ante a nossa vista cansada da mesmice mercadológica musical, uma banda que conseguiu seu lugar ao sol, sem que para isso fosse preciso se Caetanear.
E é com essa poesia que ficaremos hoje...





Transfiguração
Cordel Do Fogo Encantado

Composição: Lirinha

A paixão é um mar
Parabólica
Dilatada

Estrada que dói
Encanto de flor
Labirinto
Espera de redes
Parece toda raiz
Só raiz
Quando não canta o trovão
Transfiguração

Com a sua pele sagrada
A sua boca sagrada
E a sua vida no chão

Volta que esse mundo só precisa de você
Volta outro homem nunca assim vai te chamar
Não fique ai enterrada
Não fique ai enterrada
Vem pra rua

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