quarta-feira, 29 de agosto de 2007

O amor é um meio que não comunica?

As últimas aulas que tive me trouxeram até aqui.
Para, através deste corpo físico, que é ao mesmo tempo o meio e a mensagem, explicar algo totalmente intangível: o “AMOR”...
Tenho para comigo alguns conceitos que me fazem crer que, o meio da saudade é a falta, assim como o meio do esquecimento é o desuso.
Quando eu sinto saudade de algo, ou de alguém, acabo materializando no vazio do meu interior algo que ocupa mais espaço do que a refeição que fiz na noite passada.
Como explicar isso?
É estranho saber que algo que para muitos é totalmente incorpóreo pesa tanto dentro desse recipiente gasto e inacabado que eu insisto em chamar de corpo.
É isso mesmo, INACABADO, pois se não perceberam ainda, sou um ser em construção, e é aos poucos que vou inaugurando em mim um caminho feito só de flores.Enquanto esse caminho não se materializa sob meus pés urbanos fatigados e ávidos por areia, tento me acostumar com meus sapatos apertados.
E o amor, qual o meio do amor, e que mensagem ele se presta a transmitir?
Se tomarmos a fotografia como exemplo, poderemos perceber que seu meio é o papel, a tela do computador, ou seja, o meio de qualquer coisa é maneira pela qual essa se apresenta a nós, seres desprovidos de mediunidade.
E o amor?
Por quais vias esse sentimento palpável se manifesta?
Nós, seres providos de um amor tácito, como transmitimos nossa mensagem, através de que meio?
O amor que sinto pertence a quem, se não sou eu o senhor de seus atos?
Esse rebanho de perguntas de certo não me trouxeram até aqui, como também não me levaram a lugar algum, no entanto, essa série de indagações se fazem necessárias para a formulação de mais uma gota de tentativa de entendimento nesse oceano de incertezas...
Se o meio é a mensagem, como sugere o livro que serve de base para esse desastroso aglomerado de devaneios, podemos concluir que o Amor sendo ele um meio de transmitimos ao outro uma parcela de nosso querer voluntário, ele é também a mensagem.
Mensagem carregada de uma complexidade imune a manual de instruções, o amor não encontra em si entendimento para seu recado, assim como todo meio, o amor precisa de um interlocutor e de um espectador.
Só nesse espectador o amor encontra um espelho, onde Narciso encontra seu céu e inferno, sua imagem e a si próprio, numa beleza inerte e “umbiguista”.
Cá estou, tentando persuadir-lhe, e nessa vã tentativa de fazer com que você creia nessa idéia da qual até mesmo eu chego a duvidar, acabo me acostumando com essa “verdade a atravessar pontes”.
Se, é o amor o meio e a mensagem, o que venho a ser se não a ferramenta obsoleta?
Sinceramente, não sei.
E talvez eu nunca venha, a saber.
Mas sigo sem escolha, pois como já dizia Drummond:
“...Este o nosso destino: amor sem conta,distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas...”

Douglas Alves

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