sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Aquela que espera

Ela espera todos os dias diante do jardim sem flores, o botão que almeja virar rosa.
Ela espera com a vista além, e com a certeza dúbia de um sol por nascer, de que não pode haver pra sempre desertos sem flores.
Ela rega com real dedicação a terra preta e desprovida de entendimento.
E a terra recebe a água vida, sem saber que poderia ela fazer do dia da moça que espera um verdadeiro carrossel.
A moça que espera, deposita cada semente comprada na floricultura que vende filhos crescidos, com todo amor e afeto.
E as sementes não vingam, nem tão pouco fazem menção de vida.
Seguem reclusas no ventre da terra recebendo os carinhos distantes da esperança apática do por vir.
Ela planta, e não colhe, ela rega, e não vê crescer.
Ela espera, e não senta.
Nem todos os muzaks do mundo sabem o quão grande é a espera da moça que espera.
E ela espera, entre a paciência e o prazer, conhecer um mundo inteiro pela tela da TV, espera sair de casa com os pés fincados no sofá.
A Moça que espera fica ali com sua morosidade passiva e alegre proveniente dessa espera que faz com que eu me pergunte:
O que eu procuro?

Um comentário:

Anônimo disse...

Achei que descreveu bem sem ser óbvio, gostei dessa novo ponto de4 vista sobre mim